Dores abdominais comuns em crianças

As dores abdominais são uma queixa frequente na infância e podem variar desde desconfortos passageiros até sinais de condições graves. Como pais ou cuidadores, é essencial entender quando uma dor de barriga é inofensiva e quando pode indicar um problema sério. Neste artigo, abordaremos as causas mais comuns e as orientações para lidar com essa situação. 

Por que as crianças sentem dor abdominal?

A dor abdominal em crianças pode ser funcional (sem causa orgânica identificável) ou orgânica (relacionada a doenças). A maioria dos casos é funcional, associada a fatores como: 

  • Alimentação: excesso de gases, intolerâncias alimentares (ex: lactose), ou dieta pobre em fibras.
  • Estresse emocional: ansiedade, mudanças na rotina ou pressão escolar.
  • Infecções virais: gastroenterites, que causam dor, diarreia e vômitos.

Podemos citar alguns exemplos:

  1. Cólicas intestinais (gases e constipação):

   – Sinais e sintomas: A dor geralmente é difusa e intermitente, podendo estar associada à distensão abdominal (barriga inchada) e ao mal-estar.

   – O que fazer: Normalmente, mudanças na alimentação, aumentar a ingestão de líquidos e estimular atividades físicas são eficazes para aliviar a dor.

  1. Infecção gastrointestinal (gastroenterite):

   – Sinais e sintomas: A dor pode ser acompanhada de diarreia, febre, náuseas e vômitos.

   – O que fazer: Manter o bebê ou criança bem hidratada, oferecendo pequenas quantidades de líquidos, como água ou soluções de reidratação oral, é fundamental. A consulta médica será necessária se houver sinais de desidratação.

  1. Indigestão ou dor relacionada à alimentação:

   – Sinais e sintomas: A dor é mais localizada e ocorre após as refeições, podendo estar associada a episódios de vômitos ou sensação de estômago cheio.

   – O que fazer: Evitar alimentos pesados ou que possam causar desconforto à criança, além de estimular uma alimentação mais balanceada e em menores porções.

  1. Constipação intestinal

– Sinais e sintomas:  A dor é mais difusa, associada a fezes duras, secas ou dolorosas.

   – O que fazer: dieta balanceada, hidratação e rotina de evacuação podem prevenir  a constipação. 

Orientações finais para os pais

– Mantenha a calma e ofereça conforto: Em muitos casos, a criança se sente melhor com a presença reconfortante dos pais.  Se a dor for mais leve, tente aliviar com métodos caseiros, como compressas mornas na barriga, massagens suaves ou repouso, pois a maioria das dores abdominais em crianças é benigna. 

– Registre os sintomas: anote a frequência da dor, horários e alimentos consumidos. 

– Evite automedicação: Não administre medicamentos para dor ou antidiarreicos sem orientação médica. O uso inadequado de medicamentos pode mascarar sintomas importantes e dificultar o diagnóstico.

Conclusão

A dor abdominal em crianças é algo que acontece com frequência e, na maioria dos casos, não é grave. Contudo, os pais e cuidadores devem estar atentos aos sinais e sintomas que podem indicar um problema mais sério. Em caso de dúvidas ou sintomas persistentes, procure a  orientação profissional do gastropediatra.

Espero que estas informações sejam úteis para orientar os pais e os cuidadores. A educação e o acompanhamento médico são fundamentais para garantir a saúde e o bem-estar dos pequenos.

Dra Daianny Silveira

Referências Bibliográficas:

  1. Hyams, J. S., Di Lorenzo, C., Saps, M., Shulman, R. J., Staiano, A., & van Tilburg, M. (2016). Functional Disorders: Children and Adolescents. Gastroenterology, 150(6), 1456-1468.
  2. Benninga, M. A., Faure, C., Hyman, P. E., St James Roberts, I., Schechter, N. L., & Nurko, S. (2016). Childhood Functional Gastrointestinal Disorders: Neonate/Toddler. Gastroenterology, 150(6), 1443-1455.e2.
  3. Koppen, I. J. N., Nurko, S., Saps, M., Di Lorenzo, C., & Benninga, M. A. (2017). The pediatric Rome IV criteria: what’s new? Expert Review of Gastroenterology & Hepatology, 11(3), 193-201.

Dra. Daianny Silveira

Seu foco é proporcionar um atendimento humanizado, priorizando o bem-estar e a qualidade de vida dos pequenos pacientes e suas famílias.

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